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Saiba como os hábitos de vida interferem no processo de fertilidade natural

Um casal fértil tem 20% de chances de conceber por meios naturais nos três primeiros meses, quando mantém relações sexuais nos dias em que a mulher está ovulando. Para aumentar a possibilidade de engravidar naturalmente é preciso ficar atento aos hábitos e costumes do parceiro. Isso porque mudanças de hábitos, estilo de vida, alimentação e aspectos emocionais podem afetar as chances de gravidez.

Com a ajuda de Pedro Monteleone, ginecologista e obstetra creditado pela Sociedade Brasileira de Reprodução Assistida (SBRA), produzimos um panorama dos fatores que contribuem ou prejudicam, direta ou indiretamente, o processo de fertilidade natural. Confira:

1. Consumo de álcool

Duas ou três doses por semana, de forma social, são consideradas moderada e não afetam a fertilidade do casal.

No homem: O consumo habitual, mesmo que em doses médias, pode trazer prejuízo ao desempenho sexual do homem como para a espermatogênese – produção de espermatozoides.

Na mulher: Consumido em grandes doses afeta a formação do bebê aumentando o risco de malformações, síndrome de abstinência pelo recém-nascido e no período final da gestação, com maior incidência de sofrimento fetal e aumento do período de latência na fase final do parto.

2. Tabagismo

Comprovadamente piora a qualidade reprodutiva.

No homem: Ao interromper o uso do cigarro retomam à normalidade em alguns meses, lembrando que o ciclo da produção dos espermatozoides leva de 45 a 60 dias.

Na mulher: Antes de engravidar, os estudos evidenciam que: a-) há maior número de inférteis entre as fumantes em comparação às não-fumantes, b-) quando há envolvimento em tratamentos para infertilidade, os resultados de gestação são piores dentre as fumantes, c-) parece ocorrer uma depleção maior de óvulos também com antecipação da menopausa de até 4 anos em fumantes, d-) danos ao DNA durante a formação dos óvulos também são relatados com maior risco de mutações, e-) alterações na função das trompas predispondo a maior incidência de gravidez tubária, f-) além de maior taxa de abortos. Durante a gestação, os principais danos são aos fetos. Há um desgaste prematuro da placenta, o que aumenta o risco de prematuridade e baixo peso no nascimento.

3. Uso de drogas ilícitas

Estudos apontam uma queda significativa das taxas de concepção.

No homem: O uso frequente gera disfunção erétil e a piora progressiva da qualidade do sêmen.

Na mulher: A elevação do hormônio prolactina em usuárias de cocaína e crack influencia o ciclo menstrual, causando irregularidade e prejuízo à fertilidade.

4. Controle de peso

O peso em excesso impacta a fertilidade do homem e da mulher.

No homem: O sobrepeso do homem causa a queda da fertilidade, afeta a questão hormonal e também anatômica. O aumento da pressão da cavidade abdominal pode causar dificuldade no retorno venoso sistêmico, contribuindo para aparição da varicocele. A doença pode afetar a produção de espermatozoides e diminuição da qualidade do esperma, levando à infertilidade.

Na mulher: O excesso de peso causa ciclos menstruais irregulares associados à disfunção ovulatória.

5. Uso de medicamentos

Qualquer medicação na fase pré-concepcional deve ser informada ao médico que acompanha o casal. É contra-indicado o consumo de medicamentos sem prescrição médica.

No homem: Existem medicações que são espermatotóxicas, isto é sua administração afeta a qualidade do espermatozoide, em geral, em doses excessivas.

Na mulher: Existem medicações que podem ser prejudiciais desenvolvimento da gravidez e precisam ser evitadas, principalmente aquelas com agentes químicos, a exemplo das que contém radicais derivados da amônia, pois podem interferir na formação fetal. Medicações que tratam dos distúrbios de humor também podem afetar a libido tanto do homem como da mulher, principalmente em uso contínuo.

Outros fatores

Importante ressaltar que o alerta à infertilidade do casal surge quando as mulheres interrompem o uso do método contraceptivo e, após um ano de relação sexual, não conseguem engravidar. A idade também pode ser um fator preponderante. Após os 35 anos, o risco da diminuição da fertilidade é patente. Já nos homens a infertilidade ocorre a partir dos 50, quando pode diminuir a qualidade e quantidade do sêmen.

A Sociedade Brasileira de Reprodução Assistida defende o processo de fertilização natural e um planejamento familiar para evitar complicações para o casal e o bebê. “Mesmo levando em consideração as orientações médicas, os casais com estilo de vida saudável que apresentarem dificuldade de engravidar também são capazes de responder satisfatoriamente aos tratamentos da reprodução humana”, lembra Monteleone.

Ele ainda pontua que os tratamentos médicos consideram as funções fisiológicas da natureza humana. “A atuação médica frente às dificuldades da concepção consiste em identificar os fatores, eventuais obstáculos que impedem o desempenho normal na concepção e tentar ajustar ou repará-los, quando possível, usando os princípios da concepção natural”, finaliza.

 

Por Deborah de Salles
Conversa Coletivo de Comunicação Criativa

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