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Reprodução assistida moderna permite que pessoas com HIV tenham filhos sem o vírus

De acordo com dados da Sociedade Americana de Medicina Reprodutiva, aproximadamente 86% das mulheres diagnosticadas com o vírus HIV possuem a idade reprodutiva, que acontece entre os 15 e 44 anos. Deste grupo, aproximadamente um terço (33%) têm o desejo de engravidar. Neste contexto, as técnicas de reprodução assistida surgem para ajudar este desejo a se tornar realidade sem prejudicar a saúde do bebê.

Os métodos existentes permitem que uma pessoa soropositiva tenha um filho com o risco minimizado de transmissão do HIV tanto para a criança como também para o parceiro(a). Em 2017, o Ministério da Saúde registrou 7.882 novos casos de gestantes com o vírus no Brasil.

“Quando o casal deseja minimizar o risco de transmissão do HIV ao bebê ou entre parceiros, podemos recorrer a técnicas de reprodução assistida como a fertilização in vitro”, explica o ginecologista César Barbosa, que é creditado pela Associação Brasileira de Reprodução Assistida (SBRA). Ele também ressalta que este tratamento deve ser acompanhado por um infectologista.

Outro médico creditado pela SBRA, o ginecologista e especialista em reprodução humana, Emerson Cordts, ressalta que é importante que a sociedade tenha um entendimento mais profundo sobre a diferença de uma pessoa ser portadora do vírus HIV e de ter Aids.

O médico ressalta que nos últimos 10 anos houveram várias evoluções no tratamento e no protocolo do uso de medicamentos para a doença. Por isso, o paciente passa a se comportar como se tivesse uma doença crônica e não mais uma doença fatal.

“Os sucessivos avanços com o tratamento antirretroviral mudaram o prognóstico de evolução da doença, aumentando expressivamente a sobrevida e permitindo aos pacientes ótima qualidade de vida”, diz o Dr. Cordts.

O ginecologista também reforça que quanto mais cedo for o início do tratamento antirretroviral, melhor será a sobrevida e menores serão as complicações e efeitos adversos. “A infertilidade entra exatamente aí. A infecção por si só, diminui a fertilidade dos pacientes. Porém, quanto mais equilibrado estiver o sistema imunológico, menores serão esses efeitos negativos”, explica o Dr. Cordts.

Quando as mulheres são portadoras do vírus e o parceiro não, os cuidados devem ser dobrados e podem ocorrer intercorrências durante a gestação. Por causa desse fator, o tratamento mais indicado é o processo de fecundação do óvulo pelo espermatozoide fora do corpo, em laboratório, chamado Fertilização in vitro (FIV). A mãe deve usar a terapia anti-retroviral durante a gestação e não pode amamentar. Ao seguir essas indicações e com o acompanhamento próximo por parte do médico, o risco de transmissão para a criança cai de 20% para 2%. 

Já nos casos com os homens portando o HIV, eles podem apresentar alterações no sêmen que dificultam ou impossibilitam uma gestação. Por isso, existem técnicas de preparo do sêmen que aumentam a viabilidade e segurança de um tratamento de reprodução assistida, como a FIV ou a injeção de espermatozóide diretamente dentro do óvulo, em um procedimento feito em laboratório. Nenhuma dessas duas técnicas tem relato de contaminação da parceira ou da criança.

Já quando ambos possuem o vírus, o tratamento é o mesmo e deve seguir as particularidades de cada paciente já que o HIV acomete cada pessoa de uma forma diferente. Assim, é fundamental um trabalho em conjunto entre o especialista em reprodução humana e o infectologista para que a gestação ocorra de forma segura.

Matheus Venzi | Produção de Conteúdo – Conversa | Estratégias de Comunicação Integrada

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