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Gravidez depois dos 35 anos exige cuidados extras

Os dados mais recentes do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), confirmam uma percepção geral: as mulheres brasileiras estão tendo filhos mais tarde. Em 10 anos, a quantidade de mães entre 20 e 24 anos caiu de 30,9% para 25,1%. Em compensação, as gestações entre 30 e 39 anos aumentaram de 22,5% para 30,8%, no mesmo período. Independente dos motivos por trás dessa mudança, especialistas alertam sobre fertilidade reduzida e riscos de complicações gestacionais em mulheres após os 35 anos.

De acordo com Dra. Manoela Porto, médica certificada pela Sociedade Brasileira de Reprodução Assistida (SBRA), o declínio gradual da fertilidade demanda, a partir dessa idade, um acompanhamento profissional mais intensivo das mulheres que desejam engravidar. “Se a gestação não ocorrer após seis meses de tentativas, o casal deve procurar um especialista para investigar possíveis causas de infertilidade. Após os 40 anos, ou, em casos com suspeita prévia de infertilidade, essa investigação deve ocorrer no momento em que o casal decide engravidar”, explica.

Para as mulheres que não desejam engravidar em curto prazo, mas já se encontram em uma idade de risco, é possível avaliar junto a um médico especialista a preservação da fertilidade por meio do congelamento de óvulos.

“Além da infertilidade, após os 35 anos existe aumento do risco de coexistir outras condições médicas como câncer, doenças cardiovasculares, renais, endócrinas e autoimunes, além da obesidade, que aumentam o risco de hospitalização, cesariana e outras complicações gestacionais”, reforça Manoela Porto.

Riscos maiores após os 40 anos

A SBRA busca conscientizar homens e mulheres sobre a relação entre fertilidade e idade, além da importância de otimizar a concepção natural, por isso, os cuidados devem ser ainda maiores depois dos 40 anos. “Embora existam exceções, infelizmente as técnicas de reprodução assistida não se destacam tanto em relação às chances de concepções espontâneas que resultam em nascidos vivos sadios após os 43 anos. O Conselho Federal da Medicina (CFM) estipula 50 anos como a idade limite para que uma mulher seja submetida a técnicas de reprodução assistida”, detalha Manoela.

Além do declínio da fertilidade, a gravidez tardia leva ao aumento do risco das síndromes cromossômicas, ou seja, a saúde do bebê também pode ser afetada. Por todos esses motivos, as futuras mães de 35 anos ou mais devem tomar cuidados ainda maiores. “Além das medidas aplicadas a todas as gestantes, as mães mais maduras devem ter uma vigilância mais precoce pelo risco aumentado de aborto e gestação fora do útero, rastreamento e aconselhamento para o risco de síndromes cromossômicas, e intervenções para diminuir riscos como diabetes e pré-eclâmpsia (hipertensão que ocorre durante a gestação)”, conclui a médica.

 

Conheça todos os riscos para uma futura mãe acima de 35 anos

Aborto espontâneo: No geral, o risco ocorre em cerca de 15 % das gestações em mulheres com menos de 35 anos. Mas, entre 35-39 este risco aumenta para 25%, entre 40-44 anos para cerca de 50% e, após 45 anos, para mais que 90%.

Gestação ectópica (fora do útero): Esse risco aumenta de quatro a oito vezes mais após os 35 anos.

Hipertensão arterial: O risco de desenvolver hipertensão é duas a quatro vezes mais alto após os 35 anos.

Pré-eclâmpsia: O risco de desenvolver pré-eclâmpsia é de 3% nas gestações em geral. Este risco aumenta para cerca de 10% após os 40 anos e 35% após os 50 anos.

Diabetes mellitus: O risco de desenvolver diabetes na gestação é de cerca de 3%, mas este risco aumenta de duas a quatro vezes após os 35 anos.

Anormalidades da placenta: Após os 40 anos, existe risco aumentado para o descolamento prematuro de placenta e a implantação baixa da mesma.

 

Conheça todos os riscos para o bebê acima de 35 anos

Síndromes cromossômicas: Riscos aumentados de anormalidades cromossômicas como a Síndrome de Down. Aos 30 anos, o risco de ter um bebê com esta síndrome é de cerca de 0,1%. Este risco aumenta em três vezes aos 35 anos e cerca de 20 vezes aos 40 anos.

Malformações: Mesmo em bebês sem anormalidades cromossômicas, existe um risco aumentado para malformações, sendo as alterações cardíacas as mais prevalentes.

Baixo peso ao nascer e Prematuridade: O risco destas condições pode aumentar em até duas vezes após os 35-40 anos.

Óbito fetal intrauterino sem causa aparente: Esse risco tem um sensível aumento após os 37 anos.

 

Por Júlia Carneiro
Conversa Coletivo de Comunicação Criativa

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