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Falhas recorrentes na implantação do embrião em fertilização in vitro (FIV). Por que acontecem?

A FIV é um dos procedimentos mais assertivos para as pessoas que sonham em ter um bebê. A taxa de gravidez por essa técnica chega a ter 50% de sucesso. Presente no Brasil há mais de três décadas, a FIV tem sido cada vez mais recorrente dentre os tratamentos. Porém, mesmo com os estudos e aperfeiçoamentos, é preciso observar alguns fatores para o resultado ser bem-sucedido. Uma das razões para o procedimento não dar certo são as falhas no processo de implantação. 

“As falhas recorrentes na implantação embrionária são um dos grandes obstáculos da medicina reprodutiva. Ainda não sabemos o motivo do embrião e de um endométrio aparentemente saudáveis não conseguirem resultar em uma gravidez”, explica a presidente da Sociedade Brasileira de Reprodução Assistida (SBRA), Hitomi Nakagawa.

Ainda de acordo com a especialista, “a definição da falha recorrente de implantação na FIV é: ausência de gestação clínica em mulheres com menos de 40 anos, com transferência de quatro embriões de boa qualidade, em três transferências embrionárias”. 

Estudos apontam que um terço das causas mais comuns para as falhas de implantação está relacionada à qualidade do embrião. Os restantes dois terços, à receptividade do endométrio ou à interação entre o endométrio e o embrião. 

Segundo Nakagawa, mesmo com os avanços tecnológicos, como a realização de uma biópsia eficaz que permita a seleção dos embriões geneticamente saudáveis, cerca de 40% a 50% deles não conseguem se implantar no útero. “Além de se ter um embrião de boa qualidade, um endométrio receptivo e a sincronização entre eles, existem questões a serem elucidadas para a implantação como na área da genética e imunologia”, diz. 

A presidente da SBRA também destaca a abordagem em falhas recorrentes da implantação embrionária. “A recomendação é realizar um rastreamento (exame) detalhado para identificar causas reconhecidas e, assim, direcionar aos tratamentos específicos”, afirma Nakagawa. 

Alterações que podem estar relacionadas com falha de FIV –  A falha de uma  FIV pode ocorrer em mulheres que não respondem bem à estimulação ovariana ou que a qualidade embrionária é ruim, idade materna avançada, fumantes ou obesas, ou ainda em mulheres que apresentam doenças nas trompas como hidrossalpinge, ou doenças uterinas como miomas, pólipos endometriais, adenomiose, septos uterinos, sinéquias e doenças infecciosas, como a endometrite, por exemplo.

Os principais exames para rastreamento de rotina podem incluir: ultrassom transvaginal (comum ou em 3D); histerossonografia (um ultrassom transvaginal com soro fisiológico na cavidade uterina para facilitar visualização de lesões intracavitárias) – alternativa para a histerossalpingografia em casos específicos, histeroscopia ou ressonância magnética.

A presidente da SBRA explica que estudos relacionados ao melhor dia para a realização da transferência dos embriões estão aguardando validação definitiva em um amplo estudo multicêntrico. Da mesma forma, têm surgido pesquisas relacionadas à avaliação funcional do endométrio e marcadores de reação inflamatória do endométrio e que poderiam interferir no sucesso da FIV. 

Perspectivas – De acordo com a SBRA, pesquisas sobre as condições ideais de transferência, sobrevivência intrauterina, implantação embrionária estão avançando. Dessa maneira, vale ressaltar que cada caso de insucesso deve ser avaliado individualmente para que os especialistas possam personalizar as orientações compartilhando decisões sobre a aplicação de novas tecnologias ainda não comprovadas cientificamente e, com isso, maximizar as chances das pacientes realizarem o sonho da gestação mitigando a ocorrência de falhas. 

Por Fernanda Matos – Conversa – Estratégias de Comunicação Integrada. 

 

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