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Brasil é protagonista em tratamentos de Reprodução Assistida, aponta relatório da Anvisa

Dados divulgados no mês de maio refletem o avanço do setor e da qualidade dos procedimentos realizados no país; congelamento de embriões também avança ao longo dos anos

Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), casais que não usam métodos contraceptivos durante 12 meses e não conseguem engravidar podem ser inférteis. No mês de conscientização sobre a infertilidade, a Sociedade Brasileira de Reprodução Assistida (SBRA) ressalta a qualidade dos tratamentos para prevenção e tratamento da infertilidade realizados no país. 

Dados do 13º relatório do SisEmbrio – Sistema Nacional de Produção de Embriões, publicado no mês de maio pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), mostram o protagonismo brasileiro em relação aos procedimentos e apontam o crescimento da confiança das pessoas  nas técnicas de Reprodução Assistida. O levantamento mostra que, em 2019, a média da taxa de  fertilização in vitro (FIV) nos bancos de células e tecidos germinativos (BCTG) do país atingiu o percentual 76%, um padrão elevado diante do cenário médio internacional, que exige resultados acima de 65%.

De acordo com a presidente da SBRA, Hitomi Nakagawa, o conjunto de dados apontados no levantamento podem fornecer informações importantes sobre a padronização dos processos realizados nos BCTGs e reflete aspectos sobre a qualidade do laboratório, tais como ambiente favorável para a realização dos procedimentos e manejo correto de materiais e equipamentos, bem como a qualidade da manipulação. “Apenas a média da taxa de FIV não serve, necessariamente, como comparativo entre os centros, já que os dados devem ser contextualizados de acordo com a população atendida, número de ciclos realizados e contexto social do serviço, por exemplo”, analisa. 

Os percentuais de congelamento de embriões humanos para uso em técnicas de reprodução assistida também avançaram ao longo dos anos. Em 2019, foram congelados 99.112 embriões em 157 (85,8%) das clínicas cadastradas na Anvisa e que responderam na elaboração dos dados de 2019, aumento de 11,6% em relação ao que foi congelado em 2018 (88.776).

“Isso reforça as constantes melhorias das tecnologias utilizadas pelo setor, a qualidade dos procedimentos realizados no Brasil e o excelente nível de qualificação técnica dos profissionais. Mostra também que, hoje, as pessoas conhecem e confiam mais nas técnicas de Reprodução Assistida graças às mais diversas campanhas de esclarecimento sobre tratamentos para correção das situações que interferem com a procriação e informações a respeito da preservação da fertilidade realizadas pela SBRA e pela Rede Latino-Americana de Reprodução Assistida (REDLARA)”, considera Nakagawa.

O crescimento já vinha ocorrendo nos centros do país nos últimos anos. Para a presidente, a limitação do número máximo de embriões a serem transferidos em cada tentativa de FIV recomendada em Resolução do Conselho Federal de Medicina (CFM) também contribuiu para esse aumento. “Podemos observar alguns fatores secundários que devem impactar nesse aumento de embriões congelados, tais como: casos de mulheres que produziram embriões em número suficiente para tentar mais de uma gestação durante o tratamento e planejam ter outros filhos em curto prazo, sem precisar fazer novamente a estimulação dos óvulos, a tendência mundial de se mitigar o nascimento de gêmeos, que se associa a maior risco de intercorrências gestacionais”, ressalta. 

O relatório também salienta que, dos 99.112 embriões congelados, 71% estão no Sudeste (70.315); 11% no Nordeste (11.356) e 11% no Sul (10.796); 5,46% no Centro-Oeste (5.407) e 1,25% na região Norte (1.238). O estado de São Paulo aparece em primeiro lugar, com 52.160 embriões congelados, seguido de Minas Gerais, 8.463, e Rio de Janeiro, 7.823. 

A partir do total de embriões congelados (99.112) e dos ciclos realizados (43.956) em 2019, foram registrados 25.210 embriões transferidos por meio de técnicas de reprodução assistida. Neste quesito, houve uma redução de aproximadamente 65% em relação ao número de embriões transferidos em 2018 (70.908). 

Segundo Nakagawa, isso pode ilustrar um cuidado maior dos profissionais em relação ao número de embriões transferidos por evento, no sentido de diminuir o risco de gestação múltipla e suas complicações, casos em que as condições uterinas não foram ideais para a transferência no mesmo ciclo da estimulação ovariana. “Refletem também uma maior procura por casais com faixa etária mais avançada ou que têm histórico familiar de doenças genéticas graves ou incompatíveis com a vida e que, dispondo da tecnologia de diagnóstico genético pré-implantacional, mantém seus embriões congelados para transferir ao útero em momento mais oportuno. As técnicas de criopreservação embrionária avançaram muito, propiciando resultados até melhores nos casos indicados”, diz.

Fertilização in vitro – Em relação aos ciclos de fertilização in vitro, os dados de 2019 mostram que a técnica vem crescendo no Brasil ao longo dos anos. Nesse ano, foram realizados 43.956 ciclos de fertilização, o que representou um crescimento de mais de 800 ciclos em relação ao ano anterior, cerca de 2%. São Paulo lidera o procedimento, com 21.162 casos, o que representou 48% do total do país. Em segundo e terceiro lugares ficaram os estados de Minas Gerais (4.312) e Rio de Janeiro (4.095).

Pandemia – Por fim, convém observar que, com a pandemia do coronavírus, o cronograma dos casais que precisam de tratamentos para a infertilidade e outros de reprodução assistida precisou ser alterado. Por segurança, os profissionais da área suspenderam novos procedimentos, com exceção dos casos oncológicos e daqueles em que o adiamento do tratamento pudesse causar maior dano ao paciente ou até infertilidade irreversível, seja por idade ou comprometimento da reserva ovariana. 

A SBRA orienta que as pessoas que apresentem dificuldade para engravidar procurem um médico especialista para fazer uma investigação detalhada do problema e analisar a urgência do caso. “O casal não deve perder tempo e precisa procurar ajuda médica, especialmente porque existem casos inadiáveis e urgentes tanto para a realização de tratamentos quanto para orientação e informação personalizados, considerando o quanto essas situações já afetam o emocional das pessoas. Os atendimentos médicos iniciais estão sendo, preferencialmente, realizados por telemedicina e as consultas presenciais nos locais onde há flexibilização do isolamento social estão observando rígidos protocolos de biossegurança, necessários para este momento de pandemia”, finaliza.

Confira aqui outros dados divulgados no relatório.

Por Fernanda Matos – Conversa Estratégias de Comunicação Integrada

Foto: Karina Zambrana

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