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Ascensão profissional é um dos motivos para mulheres adiarem a maternidade

Participação da mulher no mercado de trabalho é um fenômeno presente na sociedade contemporânea; congelamento de óvulos é opção para chance de gestação tardia 

Com a projeção do sexo feminino no mercado de trabalho, é cada vez mais comum o adiamento da gravidez. Segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), desde o fim dos anos 1990 o número de mulheres que se tornaram mães depois dos 40 anos aumentou em 88,5% — passou de 48.402, em 1998, para 91.212, em 2018. Os dados também mostram que, no início dos anos 2000, cerca 615.705 crianças nascidas vivas tinham mães entre 30 a 44 anos. Quase 20 anos depois, no final de 2018, o número de crianças com mães nessa faixa etária era de 1.054.016. 

Os principais motivos apontados pelas mulheres para adiar a gestação, de acordo com a presidente da Sociedade Brasileira de Reprodução Assistida (SBRA), Hitomi Nakagawa, é ainda não ter encontrado o parceiro, a plenitude profissional e o desejo de estabilidade financeira. Dessa forma, o congelamento de óvulos tem sido uma alternativa às mulheres que desejam postergar a maternidade ou àquelas que necessitam cuidar da saúde em decorrência de doenças como câncer e de tratamentos como radio e quimioterapia. 

Recentemente, a atriz Nanda Costa, de 33 anos, se antecipou e decidiu congelar seus óvulos para poder, futuramente, engravidar e ter filhos com a esposa, a percussionista Lan Lanh. A atriz confessou que tinha planos de engravidar em breve, no entanto, por causa da novela Amor de Mãe, decidiu adiar o projeto da maternidade. Costa disse que sua carreira é difícil de ser planejada, já que podem surgir novos convites irrecusáveis. 

Sobre a técnica – O congelamento é uma técnica recente (só deixou de ter o caráter experimental nos Estados Unidos em 2013), que vem despertando a curiosidade por sua possibilidade sedutora de, literalmente, congelar a idade fértil da paciente — mesmo sem uma garantia de sucesso em uma gravidez futura. Em menos de duas décadas, o número de mulheres no Brasil que adiaram a maternidade e decidiram ter filhos bem depois dos 30 anos deu um salto de mais de 70%. 

“A técnica de congelamento de óvulos tem ganhado cada vez mais espaço nas clínicas de reprodução humana. Por volta de 2006, com o desenvolvimento da “vitrificação”, técnica criada por cientistas japoneses, a taxa de sobrevivência dos óvulos superou os 95%. Com essas mudanças comportamentais na sociedade, os riscos de infertilidade devido à perda da função reprodutiva ovariana deve ser considerado”, ressalta Nakagawa. 

No entanto, é preciso observar que o desafio de preservar a fertilidade é ainda maior depois dos 35 anos da mulher. A partir dessa idade, aumentam as chances de infertilidade devido à baixa qualidade e quantidade dos óvulos, que se agrava com o passar do tempo. 

A SBRA orienta mulheres a realizar o congelamento de óvulos,  preferencialmente, até os 37 anos. É importante procurar um especialista para orientação embasada cientificamente em relação aos óvulos. Importante ressaltar que o congelamento de óvulos não garante o sucesso de gravidez. As chances de sucesso são variáveis e dependem da resposta ovariana aos estimulantes da ovulação, que refletem a reserva de óvulos e a qualidade deles, relacionada à idade, carga genética e fatores ambientais que atuam naquela mulher. 

Por isso, para ter um bebê, uma mulher com até 35 anos pode necessitar de quatro a seis óvulos, enquanto outra em torno dos 40 anos pode só ter a possibilidade com 20 ou mais óvulos – justo na idade mais complicada de se atingir essa quantidade. Sem dúvida fatores como histórico familiar de menopausa precoce, ambientais e hábitos de vida (como o tabagismo) estão também envolvidos nas taxas de sucesso. A avaliação da reserva folicular por ultrassom e a dosagem do hormônio antimülleriano (AMH) são parâmetros que auxiliam no prognóstico, mas a interpretação correta deve ser individualizada por profissional capacitado e é fundamental, para mitigar sofrimento desnecessário. 

Nesse sentido, a presidente da SBRA afirma ainda que as mulheres devam esclarecer todas as dúvidas com os especialistas antes de realizar o procedimento. “É fundamental estar informada sobre os reais benefícios que a reprodução assistida pode alcançar para aquela mulher que deseja postergar a gestação e ter bebês com o seu material genético”, aponta. Por isso, elas devem ser informadas ainda jovens para usufruir da autonomia reprodutiva natural e da criopreservação eletiva ou preventiva de óvulos.

Por Fernanda Matos, Conversa – Estratégias de Comunicação Integrada

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