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4 dúvidas sobre a Covid-19 e os tratamentos de reprodução assistida

Diante da pandemia da Covid-19 e o andamento da vacinação no país, algumas preocupações rondam a mente dos casais tentantes. As vacinas contra a Covid-19 causam infertilidade nas mulheres? O vírus tem impacto na formação do feto? Essas e outras questões, além de gerar mais ansiedade, aumentam as incertezas do sonho de ter um filho.

Em entrevista com o médico Bruno Tarascone, especialista em reprodução assistida e membro da Sociedade Brasileira de Reprodução Assistida – SBRA, desmistificamos algumas fantasias que envolvem a Covid-19 e o tratamento de reprodução assistida.

As vacinas contra a Covid-19 podem gerar infertilidade?

Considerando o mecanismo de ação e o perfil das vacinas disponíveis contra a Covid-19, é improvável que elas causem algum risco de infertilidade. “No momento, não existem estudos de larga escala que objetivaram especificamente avaliar a fertilidade pós-vacinação, assim como a pandemia ainda não proporcionou tempo para o desenvolvimento de tal abordagem”, explica o médico Bruno Tarascone.

A vacina não contém vírus vivo, e o mRNA não entra no núcleo das células, o que é incapaz de modificar o genoma humano. Portanto, a ocorrência de infertilidade pós-vacinação é improvável. “Em relação às vacinas de vetor viral, a infertilidade é igualmente improvável, já que elas não contêm vírus vivo, e o vetor viral de adenovírus é não replicante e eliminado do organismo após a injeção”, completa o especialista.

Um estudo realizado em Israel comparou os resultados de tratamentos de Fertilização In Vitro em 36 pacientes antes e após a aplicação de vacina de mRNA (Pfizer), demonstrando que os resultados de tratamentos para engravidar foram inalterados pela vacina. Conforme afirma o médico Bruno Tarascone, as vacinas de vírus inativados, como a Coronavac, são utilizadas há muito tempo na população geral e nunca foram associadas a anomalias fetais, quando aplicadas em grávidas, ou à infertilidade.

A ansiedade gerada pela pandemia pode causar problemas de infertilidade?

A relação entre ansiedade, estresse e infertilidade é debatida há anos na área da Reprodução Humana. Porém, existe uma correlação entre a dificuldade de engravidar e o nível de ansiedade apresentado pelo casal. Segundo o médico Bruno Tarascone, estudos mostram que a psicoterapia e o acompanhamento psicológico melhoram significativamente as taxas de gravidez em tratamentos de infertilidade.

“Situações extremas de ansiedade podem causar disfunções hormonais e alterar a regulação do ciclo menstrual feminino. Nesse momento da pandemia e dadas as limitações impostas pelas restrições sociais, devemos focar em atitudes que permitam reduzir a ocorrência de depressão, ansiedade e suas consequências, tais como dieta saudável, meditação e exercícios físicos”, recomenda o médico.

O vírus tem algum impacto na formação do feto, como no caso do Zika vírus?

Ainda segundo o especialista, ao contrário do Zika vírus, que foi correlacionado de maneira significativa a alterações do desenvolvimento cerebral fetal e neonatal (microcefalia), a Covid-19 não demonstrou, até o momento, aumento do risco de malformações congênitas.

“Os estudos de revisão envolvendo número significativo de pacientes não demonstraram aumento de natimortos ou de mortes de recém-nascidos. Para os bebês nascidos de mulheres com Covid-19, os resultados gerais são positivos, com mais de 95% dos recém-nascidos estando em boas condições após o parto”, explica.

A Covid-19 causa infertilidade em indivíduos do sexo masculino?

Conforme explica o especialista Bruno Tarascone, estudos envolvendo homens após infecção grave por Covid-19 demonstraram alterações na quantidade e na qualidade de espermatozoides produzidos.

“Até o momento atual, não se sabe se o vírus apresenta efeito direto nos testículos causando dano ou reduzindo a produção de espermatozoides, ou se as circunstâncias associadas à doença, como febre, uso de múltiplas medicações, internação hospitalar e longos períodos de abstinência sexual são os responsáveis pelas alterações observadas nos espermogramas de homens que passaram recentemente pela infecção de Covid-19”, comenta Bruno Tarascone.
Porém, o vírus Sars-CoV-2 tem potencial de causar lesão grave em diversos órgãos além dos pulmões, tais como os testículos, como explica o médico.

“Teoricamente, o vírus da Covid-19 entra nas células por meio do receptor ACE2, o qual está presente em quantidades abundantes nos testículos. Assim sendo, existe risco potencial de alteração do sêmen de homens acometidos pela Covid-19, principalmente em quadros de doença pulmonar grave. O quanto tempo essa alteração de sêmen permanece ou se ela é transitória após a infecção ainda é uma questão a ser esclarecida por estudos futuros de longo prazo”, conclui.

Por Luara Nunes, Conversa – Estratégias de Comunicação Integrada

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